Adoro cheiro de mato, terra molhada, chuva com enxurrada no cascalho: primavera. Arco-íris perfumado coroa o céu colorido de pitangas vermelhas, cerejeiras em flor e flores de jasmim. Quando entrar setembro quero rosa, margarida, orquídea, azaleia, dama-da-noite, flor-do-campo.
Abelha sugando o néctar das flores, sol cobrindo as manhãs: flor da acácia. Nesta primavera, quero pouso de beija-flor que brinca com o segredo das flores. Quero a alegria do girassol, a beleza das orquídeas, o perfume apaixonante das rosas.
Quero a religiosidade da flor do maracujá, a elegância das palmas, a prosperidade das tulipas, a juventude da prímula. A resistência das bromélias, a persistência dos cactos, a alegria da flor da jabuticabeira: delícia de experimentar a vida.
Abro a janela colorida de gerânios e contemplo a singularidade da flor-do-alecrim. Um perfume sedutor anuncia a chegada de uma noite de primavera. Dama-da-noite, sedução, flor do manacá, perfume, mistério.
Procuro, na inocência da flor da laranjeira, o sábio silêncio das buganvílias: inteligência. A imponência do gerânio se une à simplicidade da flor-do-campo: força. Gosto da sensualidade dos lírios, mas, por vezes, prefiro o aconchego do copo de leite.
Primavera é gérbera, celebração, azaleia, alegria. No amor singelo das margaridas, penso no equilíbrio das hortênsias. Ventos leves cobrem o asfalto com uma chuva de ipês coloridos. Celebro o tempo. Harmonia, leveza, vida.
Meu olhar perdido no caos do trânsito das 18 horas encontra aconchego na mamãe Pardal que alimenta o filhote. Os bicos se encontram no cuidado mãe-filho. Meu olhar se alimenta dessa doçura e se volta para as buzinas perdidas nesta tarde de primavera: doce caos que remete à sensibilidade das rosas. Quero abrigo, renovação, silêncio das buganvílias: é hora da dama-da-noite.
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